Incompatibilidade sanguínea no
sistema ABO
Landsteiner percebeu que as
hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue podem ter, ou não , aderidos em suas membranas, dois tipos de antígenos , A e B, nos quais podem existir quatro tipos de hemácias.
A: apresentam apenas antígeno A
B: apresentam apenas antígeno B
B: apresentam antígenos A e B
O: não apresentam nenhum dos dois antígenos
No plasma podem existir, ou não, dois tipos de anticorpos: Anti-A e Anti-B
O indivíduo de sangue tipo A não produz anticorpos Anti-A, mas é capaz de produzir anticorpos Anti-B, uma vez que o antígeno B lhe é estranho;
O Indivíduo de sangue tipo B não produz anticorpos Anti-B, mas é capaz de produzir anticorpos Anti-A,uma vez que o antígeno A lhe é estranho;
O indivíduo AB não produz nenhum dos dois anticorpos pois os dois antígenos lhe são familiares;
O indivíduo O é capaz de produzir anticorpos Anti-A e Anti-B, pois não apresenta em suas hemácias antígenos A e B.
O indivíduo AB não produz nenhum dos dois anticorpos pois os dois antígenos lhe são familiares;
O indivíduo O é capaz de produzir anticorpos Anti-A e Anti-B, pois não apresenta em suas hemácias antígenos A e B.
Transfusão sanguínea
Problema :receptor imune a algumas das proteínas dos glóbulos sanguíneos do doador . Os anticorpos do recepto r podem causar a aglutinação e hemólise das células injetadas (do doador).
Aglutininas : potentes anticorpos do plasma
que reagem com os aglutinogênios A e B.
1907: primeira transfusão precedida de exame de
compatiblidade ABO, por Reuben Ottenberg. Esse procedimento só passou a ser utilizado em larga escala a partir da Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918).
Grupos sanguíneos
Grupo sanguíneo
|
Aglutinogênio ou Antígeno (hemácias)
|
Aglutinina ou Anticorpos (plasma)
|
A
|
A
|
anti-B
|
B
|
B
|
anti-A
|
AB
|
A e B
|
Não possui
|
O
|
Não possui
|
Anti-A e anti-B
|
Para ocorrer a
transfusão de sangue, deve haver compatibilidade entre as hemácias do doador e o plasma do receptor
, isto é, o
receptor não tem aglutinina contra os aglutinogênios do sangue que está recebendo.
Tipo
O = doador universal
, não possui aglutinogênio.
Tipo
AB = receptor universal
, não possui aglutininas no plasma.
Sistema Rh
Quatro décadas após a descoberta do sistema de
grupo sanguíneo ABO, outro fato que revolucionou a prática da medicina transfusional foi a identificação, também em humanos, do fator Rh , observado no sangue de macacos Rhesus.
85% das pessoas
possuem o fator Rh nas hemácias, sendo por isso chamados de Rh+ (Rh positivos). Os 15% restantes que não o possuem são chamados de Rh- (Rh negativos).
Um indivíduo
Rh negativo só deve recebe r transfusão de sangue Rh negativo.
Caso receba sangue Rh positivo, haverá sua sensibilização e a formação de anticorpos Anti-Rh.
Eritroblastose fetal:
destruição do sangue do feto Rh+, gestado por mãe Rh- (a partir da 2ª gestação).
O sangue pode ser definido como sendo um tecido fluido circulante, constituído de células diferenciadas suspensas num líquido complexo.
Plasma: cerca de 55% do sangue. É constituído por 92% de água, o resto é constituído por proteínas complexas, tais como globulina, fibrinogênio e albumina.
Plaquetas: cerca de 0.17% do sangue.
Glóbulos Brancos: cerca de 1% do sangue.
Glóbulos Vermelhos: cerca de 45% do sangue.
1 unidade de sangue total = 450 ml de sangue + 50 ml de anticoagulante
Doação de sangue
Toda doação de sangue deve ser altruísta, voluntária e não-gratificada direta ou indiretamente, assim como o anonimato do doador deve ser garantido;
A partir de uma única doação, vários pacientes poderão ser beneficiados de forma mais segura
Hemoterapia
Os hemocomponentes são obtidos através de processos físicos e são eles: concentrado de hemácias, plasma fresco congelado, concentrado de plaquetas e crioprecipitado.
Os hemoderivados são proteínas extraídas do humano por processos físico-químicos industrializados do plasma e são eles: albumina, imunoglobulinas e fatores da coagulação (Fator VIII, Fator IX, além dos complexos protombínicos)
Administração de hemocomponentesTransfusão sanguínea
É de responsabilidade do profissional de enfermagem a administração de sangue e hemoderivados, a conferência da requisição de transfusão, as conferências dos dados das bolsas de sangue, a conferência do prontuário e a identificação do cliente, bem como a assistência ao cliente no atendimento pré, intra e pós-transfusional.
É contra-indicada a administração concomitante de hemoderivados e medicações;
Tipos de Hemocomponentes
Concentrados de hemácias – indicado para promover aporte adequado de O2 aos tecidos
Plaquetas – responsável pela hemostasia primária (rede de fibrina). Indicadas para tto de sangramentos por trombocitopenia, em disfunção plaquetária
Plasma – obtido através de plasmaférese. Indicado na ausência do fator V e XI, com sangramento ativo, em cirurgias, usuários de anticoagulante oral;
Complicações transfusionais Condutas
Interromper imediatamente a transfusão e comunicar o médico responsável pela transfusão
Manter acesso venoso com solução salina a 0,9%;
Verificar sinais vitais e observar o estado cardiorrespiratório;
Verificar todos os registros, formulários e identificação do receptor. Verificar à beira do leito, se o hemocomponente foi corretamente administrado ao paciente desejado;
Avaliar se ocorreu a reação e classificá-la, a fim de adequar a conduta específica;
Manter o equipo e a bolsa intactos e encaminhar este material ao serviço de banco de sangue.
Avaliar a possibilidade de reação hemolítica, TRALI, anafilaxia, e sepse relacionada à transfusão, situações nas quais são necessárias condutas de urgência;
Se existir a possibilidade de algumas destas reações supracitadas, coletar e enviar uma amostra pós transfusional junto com a bolsa e os equipos (garantir a não-contaminação dos equipos) ao serviço de hemoterapia, assim como amostra de sangue e/ou urina para o laboratório clinico quando indicado pelo médico;
Registrar as ações no prontuário do paciente.
NOTA 1: As amostras devem ser colhidas preferencialmente de outro acesso que não aquele utilizado para a transfusão.
NOTA 2: Em casos de reação urticariforme ou sobrecarga circulatória, não é necessária a coleta de amostra pós transfusional.
Cuidados de Enfermagem Antes da administração
Conferir os dados da requisição de sangue com os do prontuário
Certificar-se da tipagem sanguínea
Certificar-se da história transfusional pregressa do paciente e ocorrência de reações adversas
Certificar-se do consentimento informado do paciente assinado
Acompanhar e orientar o paciente a respeito do procedimento
Verificar os SSVV e anotá-los para estabelecer parâmetros iniciais
Certificar-se da prescrição médica: tipo de hemoderivado, quantidade a ser administrada, velocidade, temp de infusão (não ultrapassar 4h)
Certificar-se da permeabilidade do acesso venoso calibroso.
Cuidados de Enfermagem Durante a administração
Realizar a infusão com a bolsa em temperatura ambiente – Não cobri-la, nem aquecer em banho-maria
Anotar no prontuário o início da infusão e o nº da bolsa do hemoderivado
Infundir o hemoderivado em equipo próprio
Observar rigorosamente o cliente nos 15 min iniciais
Administrar o hemoderivado lentamente
Cuidados de Enfermagem Após a administração
Desconectar o equipo do acesso venoso, lavando-o com SF 0,9%
Descartar a bolsa em local adequado
Verificar os SSVV e anotar no prontuário
Anotar o término da infusão no prontuário
Observar atentamente o paciente nos primeiros 15 minutos após o término da transfusão
Referências Bibliográficas
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Especializada. Guia para o uso de hemocomponentes . Brasília: Ministério da Saúde, 2008.