Aula 19-07-2011
Queimaduras de Terceiro Grau
Queimadura com comprometimento de todas as camadas da pele, subcutânea e terminações nervosas. Não curam, necessitam de implantes de pele.
Sinais e Sintomas – Queimaduras de Terceiro Grau
- Pele descorada, seca e endurecida;
- Lesão da pele com exposição do tecido gorduroso;
- É indolor e com sensibilidade ausente;
- Edema intenso;
Gravidade-Queimadura de terceiro grau
- Grave: quando atinge as vias aéreas, face, mãos ou pés. Atinge mais que 10% da superfície corpórea.
- Moderada: 2 a 10% da superfície corpórea e/ou envolvem face, mãos e pés;
- Leve: Menos de 2% da superfície corpórea;
Fisiopatologia da Queimadura
A pele normal tem o papel de regular a temperatura corporal. A queda dessa capacidade, associada à lesão térmica, acarreta uma serie de alterações que iniciam com o aumento da permeabilidade capilar com extravasamento de líquidos para o espaço extra vascular, levando o paciente a uma hipovolemia, hemoconcentração, diminuição do retorno venoso, do rendimento cardíaco e do fluxo renal.
Além desta perda de volume circulante, há uma perda hídrica também importante que será maior quanto maior for a área queimada.
Tratamento Sistêmico de Urgência
O tratamento de urgência é aquele executado nos primeiros dois dias após a queimadura;
A – Avaliação inicial
B- Tratamento da dor
C- Avaliação definitiva
D- Plano de tratamento
E- Controle do tratamento
A – Avaliação Inicial
1) Remoção das vestimentas
Proteção com campos estéreis
Avaliar lesões associadas
Extensão da queimadura (grande- média ou pequena)
2) Anamnese
3) Exame físico
4) Cuidados imediatos
Cateter venoso central
SVD para controle do fluxo urinário.
B – Tratamento da Dor
As terminações nervosas das áreas queimadas, principalmente em queimaduras de terceiro grau, estão praticamente inutilizadas. A necessidade de analgesia é inversamente proporcional a profundidade da área queimada.
A maior parte dos sedativos deprime a função cardiorrespiratória, e por esta razão devem ser administrados de forma cautelosa. Os derivados de morfina podem ser utilizados via endovenosa, em doses diluídas e fracionadas.
C – Avaliação Definitiva
É a avaliação precisa da extensão e da profundidade da queimadura, sendo essencial para o calculo de reposição volêmica. Pode-se avaliar a extensão da queimadura pelos métodos de regra dos nove ou Lund e Browder.
Regra do nove: Leva em consideração que o corpo humano pode ser dividido anatomicamente onze partes, cada uma compreendendo 9% da área total. Após avaliar as áreas queimadas entre as de segundo e terceiros graus, a somas dessas respectivas porcentagens representa a magnitude da lesão.
Essa regra não oferece segurança para a criança, já que a cabeça e o pescoço são proporcionalmente maiores.
- Cabeça = 9%
- Cada membro superior = 18%
- Tronco anterior= 18%
- Tronco posterior = 18%
- Genital = 1%
Indicações de Hospitalização
- Crianças: acima de 10% de área queimada;
- Adultos: acima de 15% de área queimada
- Face, mãos, pés e genital;
- Condições sócios econômicos precários;
D- Avaliação da Gravidade de queimadura/Plano de tratamento.
A gravidade da queimadura dependerá das características do paciente, da área queimada e de possíveis agressões concomitantes. O plano de tratamento deve ser individualizado.
E – Tratamento Sistêmico/Controle do Tratamento
1) Padrão hemodinâmico e transporte de O² aos tecidos
2) Reposição volêmica
3) Necessidades metabólicas
4) Controle de infecção
Padrão hemodinâmico e transporte de O² aos Tecidos
O choque que acompanha o quadro clinico no grande queimado pode ser melhor compreendido após a introdução do cateter de Swan-Ganz e monitorização hemodinâmica á beira do leito. Na fase aguda observa-se queda da PA e do débito cardíaco, associadas a alterações da perfusão tecidual como rebaixamento no nível de consciência, diminuição do fluxo urinário e vasoconstrição periférica.
A hipovolemia associada ou não a redução do debito cardíaco acarreta uma diminuição do transporte de O² aos tecidos. A necessidade metabólica do queimado é seis vezes superior ao normal, havendo assim um desiquilíbrio entre oferta e a alta demanda do organismo.